26 de março de 2011

CRECHE: QUE PROFISSIONAL ATENDE AS NECESSIDADES DESSE UNIVERSO?

Posso dizer que a creche é um pedaço grande da casa das nossas crianças? Posso! Porque é nesse espaço que a criança de 0 a 04 anos se instala durante cinco longos dias participando de uma rotina que provavelmente em sua casa ela não a tenha; e quando falo em rotina, não é o marasmo do cotidiano, mas é uma rotina totalmente volátil que muda a todo minuto dependendo do humor das nossas crianças e acontecimentos do dia anterior na sua meia-casa.
Muito cedo elas são trazidas para esse ambiente “escolar” e as famílias nos confiam tanto os cuidados essenciais, como esperam que seu filho seja acolhido e atendido individualmente por saber e entender que cada criança é diferente uma das outras mesmo as que são irmãs e gêmeas. E são essas diferenças que propicia a criança aprender com os outros e aos poucos adaptar-se aos mais novos ambientes e a situações conflituosas.
Veja que não é tarefa fácil para um educador que no seu dia a dia como estudante não aprende a lidar com tamanha complexidade. Teoricamente é tudo muito bacana, é tudo muito bem definido, mas ao se deparar com os problemas que começam já no inicio do ano os novos profissionais se sentem perdidos e incapazes de lidar com essa clientela, nesse mundo totalmente lúdico que as crianças trazem já ao nascer e muitos ficam de mãos atadas. Eis um ponto a ser discutido entre as Universidades e as creches.

É por essas e outras questões visivelmente comprovadas no dia a dia que na minha visão o professor de creche precisa ser um profissional bem preparado, sensível, solidário, afetivo, dedicado, bem pago, para que possa sentir nas atitudes da criança, o tamanha da carga psicológica negativa ou não, que ela traz de casa, porque deste fator parte todos os trabalhos do dia, que muitas vezes por causa de apenas uma criança tudo tem que ser re-planejado, para aquele dia ou mesmo para aquela semana, depende da gravidade do acontecimento, ou da situação.

E assim eu paro para indagar: quem somos nós hoje? Professores? Educadores? É só esse papel pedagógico que executamos em nossa prática diária na creche, de como desenvolver as linguagens corporais, cognitivas, afetivas e emocionais? Só é necessário fazê-los viver em um grupo social, aprender a trabalhar junto com os outros? Ou precisamos entender o choro da criança quando é de dor, quando é de fome, se ela sente sede, quer tomar banho, sente calor ou frio, se seu soninho está normal ou a inquietação é prenúncio de uma virose ou outra doença que acomete as crianças nessa idade? Precisamos passar valores indispensáveis para sua vida, como respeitar seu coleguinha, os profissionais em geral da instituição? Ensinar que,se bater, precisa pedir desculpas? Mostrar com ações diárias que aquele ambiente não é só seu, aprendendo assim a dividir os brinquedos, a esperar sua vez de brincar, a pedir licença, obrigada, por favor, a cuidar com carinho dos seus objetos pessoais?
Pois eu lhe garanto que SIM! Esse é o perfil de um professor de creche. É um profissional diferenciado, que precisa ser criativo e inovador e principalmente um profissional resiliente, tem que ser destaque , pois o seu fazer pedagógico é diferente, e a amplitude de suas ações é que o diferencia de todos os outros ´profissionais da educação, porque a forma como ele se porta nessa função que escolheu, na grande maioria das vezes é parte integrante da construção e reconstrução do caráter de uma criança.

Um comentário:

  1. Daniel de Oliveira4/4/11

    Adorei o texto, você resumiu bem o que um profissional que se dedica a cuidar de crianças tem de diferente dos outros educadores, e creio que ficou claro que são valores psicológicos emocionais inerentes a personalidade da pessoa e que qualquer um não pode lhe dar com crianças pois são grandes influenciadores da personalidade desta.

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